quarta-feira, 30 de março de 2022

From the window of my office

Today we talked. For the very first time, we talked. And we talked about appreciation and gratitude. When we finished our... talk, I came back to my office and emerged again in my daily duties - so many times I feel that I don't live, I just function according to my agenda and my to-do list. But then, I decided to stop. I decided to go home. I decided to have a quiet lunch there, with a good glass of wine. I decided to take a nap, just a short one, a power nap (I woke up in the middle of the night to watch a football game, and later I will have an evening class). Now, I'm back to the office and instead of going back to the duties (so many!), I decided to write again in my blog. Doing so... Look at the view from my window! So beautiful! Can you imagine? In one of the most urbanised places in the world, I have such a beautiful green view! And I'm grateful for it. And I'm grateful to you - thank you for remind me that sometimes we need to stop and to take control of our life again; thank you for trusting me; thank you for being an inspiration to write here again (and in English!). 

 

quarta-feira, 24 de março de 2021

De regresso...

... a este espaço de escrita mais de seis anos depois. E precisamente quando estou a preparar o regresso a Macau depois de um longo período em casa. Numa altura como estas, depois de anos a ir e a vir, predomina esta sensação de que o regresso a um sítio implica ter que deixar um outro. De regresso a Macau, deixo o Porto para trás. Irei regressar ao Porto (com isto da pandemia, não sei bem quando), deixando Macau para trás. E a questão é que não se trata apenas de uma cidade a que se regressa e outra que se deixa para trás. São as pessoas com que se interage, o clima e o ar que se respira (ui, que diferença do primaveril ameno e seco do Porto, para o húmido e quente de Macau), papéis e guiões de comportamento, expectativas, vivências, experiências e afetos - uns que se deixa, outros a que se regressa. E assim, neste ir e vir constante, fica a dor e a lenta adaptação em cada momento de transição, a velocidade de cruzeiro enquanto se permanece e a contagem decrescente para o próximo regresso. Difícil integrar tudo isto num todo com sentido! Se ao menos tu pudesses vir comigo... 

sábado, 4 de outubro de 2014

nomes em mim

A Eugénia vai-se embora e, por isso, ontem, fui jantar com ela, Eugénia, e ainda com a Dora, a Jaqueline, a Marta, o Fial, a Fátima, a Cristina, o Nelson, a Sónia e a Antónia. Por estar com eles lembrei então do Arménio, do Carlos, da Paula Joana, da Alice, do João Miguel, da Maria José, do Sérgio, da Paula, da Raquel, da Elsa, do Marco, do Paulo, do Vitor, do Júlio, da Ana, da Rosa, da Rosa, da Conceição, do Pimentel, do Brandão, da Célia, do Paulo, do Kikas, da Luísa, da Graça, do Vidal, da Maria José, do José António, do Miguel, da Eunice, do Filipe, da Florinda, do Eduardo, da Leonor, da Maria José, do Francisco. Depois, vim para casa para junto da Helena, da Andreia, do João e da Rita e pensei na outra Rita na Lúcia e no Vítor. Lembrei então do Justino, da Amélia, da Anabela, do José, do Jorge, do Pedro, da Brigida, da Conceição, do António e, depois deles, da Maria José, do Joaquim, do Helder, da Helena, da Guida, do Hermínio, da Alice, do Fernando, do Aureliano, do Carlos, do José, da Miquinhas, do Justino, da Mila, do Ernesto, da Sónia. Tantos pensei! Ocorreram-me então o Duarte, a Sandra, a Helena, o Miguel Tolentino, o Oliveira, a Marta, a Ângela, o Pedro Henrique, o Rui, o Vasco, o Branco, o José Bastos, o Nuno Bastos, o Alírio, a Patrícia, a Sandra, a Mónica, a Rute, o Virgílio, o Armando, o Taveira e, claro, também o Campinho, a Vanessa, o Tomás, a Eugénia. Lembrei-me também do almoço de ontem, de ter estado com o Albino e com o Rui Serôdio e, na sequência, da Teresa, do Gamaliel, da Ângela, do Joaquim, da Orlanda, da Diana, da Teresa, da Cristina, do Sérgio, do Amadeu, da Raquel, da Cristina, da Marta e, claro, lembrando-me da Marta, tinha que me ocorrer de imediato o Armando António Alves. Depois, pois então, o Eurico, a Lúcia, o António, o João Luís, a Margarida, o Astro, o Sérgio, a Susana. Lembrando destes, pensei nas viagens que fiz e ocorreram-me logo a Stephanie, a ManYee Kan, a Kimberly, o Nuno, o Duncan, a Monika. Já era tarde, mais do que hora de dormir e lembrei então da Rita, da Diane, do Capela, do Jorge, da Inocência, da Margarida, do André, do Fábio, da Silvina, da Sónia, do Ivo, da Tânia, da Maria, da Dulce, da Elisa, da Ana, da Ana, da Patrícia, da Lurdes, da Angelina, da Sandra, da Paula, da Leonor, da Cândida, da Beatriz, do António, do Carlos, da Luísa, do Jorge, do Zé, do António, do Emanuel, do Pedro, do Marco, do João, da Manuela, da Estefânia, da Natércia, do Tiago. Antes ainda de adormecer, lembrei da Benedita, da Susana, da Helena, do Afonso, da Lurdes, da Mariana, da Fátima, do Miguel Ângelo, da Silvia, da Ana Maria e da Elisa.  Tantos, e não paravam se surgir estes nomes em mim! São nomes que fizeram e vêm fazendo de mim... Vítor.

sábado, 27 de setembro de 2014

Dia de vindima

Ao fim de semana acordar a horas de dia de semana.
Miúdos mal humorados por causa disso.
Viagem pela A4 para a quinta.
Os mais velhos dormem.
A pequenita vai acordada.
“Oh pai, isto é normal,
os mais velhos a dormir,
e eu, a mais a nova, acordada?”
[Sim, é normal, pensei, para além de se terem deitado mais tarde, na adolescência as pessoas tornam-se mais vespertinas e menos matutinas - tem a ver com o cortisol].
Chegar cedo, mas já atrasado - a safra já vai adiantada.
As mulheres na cozinha já preparam o lanche da manhã.
Pegar no balde, tesoura de poda e juntar-me ao pessoal.
O sol brilha mas a ramada está molhada.
Restos dos aguaceiros de manhã cedo.
Está lá o mano que não via há meses.
Os cachos que se enrolam no ramo dão luta.
Às vezes ficam esborrachados logo ali,
e o sumo de uva escorre pelas mãos.
Acabou o campo do meio.
Hora da bucha.
Verde branco e tinto,
Chouriço assado, presunto, salsicha fresca e bifanas,
no pão acabadinho de trazer.
De volta, agora ao campo de baixo,
despachado num instante.
Canta-se a “Laurindinha”
e o “Tu só tu, Ana Maria”,
Desta vez o rádio do trator não toca música pimba,
vai dando notícias, o que recebeu o primeiro ministro.
Recolhem-se os últimos cestos,
Os miúdos vão no trator.
Na idade deles ia no carro de bóis.
Eles mesmos tiram os cestos do trator,
“o trabalho em família elevado a um outro patamar!”.
As uvas são despejadas no lagar,
Juntando-se ao “Vu”, os miúdos saltam lá para dentro e pisam;
o sumo de uva jorra pela torneira,
bagaço vai para a prensa,
os homens (alguns) apertam a prensa.
Fica a escorrer.
Lavam-se os cestos,
ainda é vindima!
Os miúdos tomam banho de mangueira.
Hora do almoço - cozido à portuguesa e mesa cheia,
posta cá fora.
Come-se, bebe-se (o verde do ano passado),
Fala-se alto, bem alto, e ri-se, muito.
Vem a sobremesa - o bolo de um aniversário atrasado.
Barriga cheia, bem cheia,
e sentidos algo atordoados pelo álcool.
Começa a dar a moleza.
Caminhada até ao café mais próximo.
A subida custa bem,
o que vale é que no regresso é a descer.
Café cheio, como de costume,
os miúdos um gelado,
e o mano, a Super-Bock gelada,
do costume.
De volta à`quinta,
A mesa já arrumada e a louça lavada,
era o que esperava, confesso!
Deito-me na relva fresca,
a cadela deita-se ao meu lado.
Fecho os olhos,
Oiço ao longe a trovoada que se aproxima.
Sei que vai chover, mas não importa,
enquanto não chove,
aproveito cada segundo daquela eternidade.
E penso:
- “Uau, que dia!
Quando chegar a casa,
vou escrever sobre isto”.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Serão de domingo

O serão de domingo tem tudo para ser um excelente momento de encontro em família. Nesse dia dormiu tudo (ou quase tudo) até mais tarde e, por isso, o "João Pestana" tarda mais em chegar. Para além disso, dá mesmo vontade de prolongar mais o dia, como se esticássemos o fim-de-semana e fizéssemos adiar a segunda-feira o mais possível. A televisão até poderia dar uma ajuda nesse sentido, criando pretextos para que a família se reunísse em torno de um programa de entretenimento. Como me lembro da minha infância e juventude em que um programa de televisão e uma caixa de "sortido fino" eram o motivo para que nos encontrássemos. Mas, atualmente, três fatores fazem com que o risco seja o de que a televisão seja sim pretexto para que cada um esteja no seu canto: 1. a variedade da programação; 2. a multiplicidade de ecrãs; 3. a concorrência e os horários da programação. Há de facto muitos mais canais e as pessoas podem escolher programas que mais se adequem aos seus gostos e interesses. Esta diversidade e o poder de escolher "o quê" e "quando" ver é aliás, uma das grandes vantagens da televisão de hoje. Mas há os "diretos", e os "primeiros" e os "últimos" episódios, coisas que dá vontade de ver naquele momento para que, no dia seguinte, se possa comentar com o pessoal. Ontem, entre uma série de outras coisas, deu o jogo do Porto, o último episódio da telenovela da SIC, o direto e primeiro episódio da casa dos segredos 5. Não questiono sequer a qualidade de cada um destes conteúdos. O que se passa é que, com tantos ecrãs em casa, cada qual pode decidir ir para um ecrã, sozinho, ver o que lhe apetece: vou para o quarto ver um filme no AXN, vou ver a casa dos segredos no PC, fico na sala a ver o Fator X. Os muitos ecrãs fazem aumentar o individualismo e limitam as possibilidades de encontro entre pessoas. E depois há a concorrência e os horários tardios. Os miúdos têm que se levantar cedo na segunda de manhã (e já agora, os adultos também) e não devem ficar até às tantas para saber quem é expulso ou quem é escolhido pelo público ou como acaba um filme que começou à hora em que se devia estar a ir deitar. Com isto, o serão de domingo que poderia ser um privilegiado momento de encontro de família, pode-se tornar um pesadelo e motivo de verdadeiro conflito ou, pior, de resignação, com cada um para o seu lado. Devemos contrariar isto. São os adultos que devem gerir os recursos e as rotinas da família:
- "Só um ecrã vai estar ligado, vamos conversar e discutir qual o programa que vai ser visto, em família" (assim, até podemos decidir o que está vetado!);
- "Às tantas horas vamos para a cama, se o programa não chegar ao fim, vemos amanhã o resto" (afinal uma das vantagens da tecnologia).
Parece bem?

sábado, 20 de setembro de 2014

Olhando as estrelas

Olhando as estrelas aprendi coisas maravilhosas:
- que umas, as azuis, são as mais novas;
- outras, as vermelhas, as mais velhas;
- e que outras, as castanhas, são de meia idade;
- que a que mais brilha é a Sirius;
- que a Polar indica o Norte;
- que juntas formam constelações;
- a que os antigos deram nomes, conforme o que lhes parecia;
- a identificar e a chamar algumas pelo nome;
- as Ursas (maior e menor);
- a Orion (a minha preferida);
- a Cassiopeia (um W que vai girando no céu);
- que o sol, afinal, é bem pequeno;
- e que vai engolir a terra;
- mas só daqui a bilhões de anos (uff");
- que as cadentes, afinal não são estrelas;
- simples "calhaus" do tamanho de bolas de golfe;
- que as vemos melhor se as olharmos de lado;
- que algumas estão a milhares de anos luz;
- o sol a oito minutos;
- que olhar as estrelas é maravilhoso;
- melhor se com amigos;
- melhor ainda, se de costas deitadas numa rocha na serra da Freita,
- ou caminhando numa rua deserta e escura na serra do Gerês.
Amigos e estrelas combinam mesmo bem!

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Laços que não se vêm



Não foram laços de sangue que fizeram os patinhos seguir Konrad Lorenz. Chamou-lhes "imprinting" - assim que saem do ovo, a imagem do primeiro ser com que se deparam fica como que "impressa" e esse ser é por eles adotado como progenitor. No ser humano foi recebendo outros nomes como apego ou vinculação. Descoberta fantástica esta, a de que não é o sangue que nos torna filhos ou pais de alguém. Como é maravilhosa a natureza! Assim, nenhuma cria precisa de ficar orfã e nenhum adulto privado de ser Pai. A mim, a vida, sem que sangue fosse necessário, deu-me uma irmã e uma filha. E que dádiva! Não fui somente eu que as adotei. Também elas me adotaram e ficámos ligados por esses laços que não se vêm. Às vezes, em dias de tempestade como estes que nos têm assolado, vem uma pequena insegurança - será que os laços se vão aguentar, serão eles mais frágeis por não serem lacrados a sangue? Mas não. Rapidamente percebemos que não e a maior das tempestades fica reduzida ao borbulhar num copo de água. São de facto indestrutíveis, são laços que ficam para sempre.